A entrevista de emprego…
A verdade é que a vida nunca foi muito boa comigo. E eu já estava me acostumando com isso. Trabalhava igual a um filho da puta num restaurante de terceira, e apesar do salário de merda, eu podia beber todos os dias. Quando a casa fechava, nós, os funcionários, fazíamos a festa. Eu estava na merda, mas não esperava muita coisa de mim.
Numa tarde, fumando um baseado em frente ao computador, vi um anuncio de emprego em um bar que eu já frequentava. Um anúncio diferente dos outros, que não exigia nada além da capacidade de beber e gostar de rock. Não estava procurando emprego, mas acabei mandando meu currículo e eles me chamaram para uma entrevista de emprego.
Logo no início da entrevista me ofereceram uma dose, que tentei recusar, mas vi que seria um erro. Bebemos eu e o entrevistador. Logo em seguida ele perguntou se eu tinha problemas com drogas, se eu conseguia beber sem cair e me contratou “porque o dono do lugar foi com a minha cara”. E assim, entrei no Bar Bukowski. Primeiro para trabalhar no marketing e depois ocupando vários cargos.
Comecei a trabalhar no mesmo dia, uma quarta-feira, e logo me enturmei. Na sexta-feira tinha uma festa à fantasia e eu fui de padre. Nessa noite ficamos todos bêbados, um bando de gente louca. Ficamos amigos e desde então estou aqui, fazendo minhas merdas, caindo e levantando. Continuo o mesmo, um irresponsável competente, um louco entre tantos loucos – só que dessa vez bem acompanhado.